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Fotografia subaquática: 8 dicas para fotografar debaixo d’água

Sumário

Se você já é um fotógrafo profissional, de ensaios, natureza, ou qualquer outro nicho, e quer começar a se aventurar pela fotografia subaquática, saiba que fotografar embaixo d’água é algo totalmente diferente e exige algumas técnicas específicas para garantir bons resultados.

Nós, do Profundo no Mundo, trabalhamos com audiovisual e, quando começamos a mergulhar, lá em 2014,  logo nos interessamos pela fotografia subaquática. Então começamos a pesquisar e acabamos investindo em um equipamento semi-profissional de foto sub (como os mergulhadores chamam a fotografia subaquática): caixa estanque, kit de luzes e acessórios.

Ter esses equipamentos específicos para fotografar embaixo d’água fez toda a diferença para produzirmos um material de qualidade. Mas no início não foi tão simples conseguir bons resultados.

Isso porque, na fotografia subaquática, você precisa pensar em muitas coisas além da câmera e da foto em si: tem a sua relação com o equipamento de mergulho, a sua flutuabilidade, o seu consumo de ar, possíveis correntezas e sedimentos na água…. enfim! Uma série de fatores que você precisa estar atento, além do enquadramento, foco, ISO, velocidade do obturador e outras coisas que você normalmente já se preocupa enquanto fotógrafo.

Além de focar no objeto principal, o fotógrafo subaquático deve prestar atenção em uma série de outras coisas.

Mas, com o tempo, e após muitos mergulhos e muita prática, fomos melhorando a qualidade das nossas fotos e vídeos embaixo d’água, e hoje conseguimos notar uma nítida evolução nesse sentido!

Vamos dividir nesse artigo algumas dicas para fotografar embaixo d’água que aprendemos ao longo dos anos mergulhando por aí e fotografando para expedições, escolas de mergulho e bancos de imagens.

1. Esteja confiante e confortável enquanto mergulhador

Se você quer aprender fotografia subaquática, a primeira coisa que você precisa fazer é aprimorar suas habilidades de mergulho.

Isso porque, como falamos na introdução deste artigo, além de se preocupar com a câmera e a fotografia em si, você precisa estar atento a uma série de questões relacionadas ao fato de estar mergulhando em profundidade.

Você deve ser capaz de se manter estável mesmo em condições adversas, como correntezas e baixas temperaturas. Para isso, você precisa ter uma boa flutuabilidade, bom consumo de ar, boa coordenação e controle das suas nadadeiras e principalmente, você precisa estar tranquilo e confortável debaixo d’água. Tudo isso para não colocar em risco a sua segurança e a dos corais, peixes, vida marinha em geral e, claro, dos outros mergulhadores.

Lembre-se que você deve ser responsável por não danificar os corais e a vida marinha presentes no oceano. Então deve ter uma boa noção espacial e se manter estável para não se chocar contra o recife, não tocar o fundo, e não levantar sedimentos que, no fim, podem prejudicar a visibilidade e acabar arruinando a sua foto.

Se, por outro lado, você ainda não é um mergulhador certificado, então comece por aí. O primeiro passo para se tornar um mergulhador certificado é fazer o curso de Open Waters. Mas nós recomendamos ter pelo menos a certificação do curso Avançado (que você pode fazer na sequência do Open Waters), e acumular alguns mergulhos no seu repertório antes de querer encarar a fotografia subaquática como algo mais profissional.

2. Invista em um equipamento à prova d’água

Essa dica parece óbvia, mas lembre-se que, para começar na fotografia subaquática, você não precisa necessariamente de uma câmera profissional.

Claro, se seu objetivo é simplesmente registrar os mergulhos recreativos que você faz, uma câmera digital de ação como a GoPro, ou até mesmo o seu celular, com uma case subaquática específica, podem ser suficientes. Mas mesmo nesse caso, vale a pena continuar seguindo essas dicas para melhorar a qualidade das suas fotos embaixo d’água.

Se você quer ter mais qualidade na sua fotografia subaquática, e até fazer disso um trabalho profissional, vale a pena investir em uma câmera melhor, de preferência que fotografe em RAW, e uma caixa estanque para acomodá-la.

A caixa estanque é um acessório com anéis de vedação (o’rings) que impedem a entrada de água, e assim protegem a câmera.

Além da caixa estanque, com o tempo, você vai sentir necessidade de investir em mais equipamentos, como flashes, domos, flutuadores, outras lentes, além de  suportes para prender e carregar tudo isso.

Com nosso equipamento de fotosub, durante um mergulho no Molokini, um vulcão submerso e inativo do Havaí

Não tem jeito, essa é a parte que mais pega no bolso, mesmo. E a má notícia é que no Brasil, o mercado de equipamentos para fotografia subaquática é praticamente inexistente. A maior parte do nosso equipamento atual compramos nos EUA, mas no início conseguimos montar um set up básico comprando itens de segunda mão aqui no Brasil mesmo.

3. Utilize o flash (ou luzes de vídeo)

Se a luz já é importante na fotografia em geral, na fotografia subaquática essa importância é ainda maior, especialmente com o aumento da profundidade.

Isso porque quanto maior a profundidade, menor será a incidência de luz solar. E, à medida que a luz diminui, as cores também vão sumindo (especialmente as cores mais quentes, como vermelho, amarelo e laranja), ficando tudo mais azulado.

Fora da água, a gente sempre prefere fotografar com luz natural, e quase nunca usamos o flash. Mas, no mergulho, é essencial ter uma fonte de luz artificial (flash ou mesmo luzes de vídeo, que é o nosso caso). Isso porque essa fonte de luz vai devolver as informações de cor que existem ali naturalmente, e com isso suas fotos ficarão muito mais vivas, com mais cores, e mais bonitas.

Se, por outro lado, você for fotografar mais próximo da superfície (até uns 3m ou 5m), e estiver em um dia ensolarado, o flash pode até ser dispensado. Nessas condições, a luz do sol ainda vai chegar de forma suficiente no seu objeto, além de poder criar um efeito super bonito nas fotos com os raios de luz que o atingem.

Esse é um exemplo de uma foto próxima à superfície, aproveitando a luz natural como iluminação. Arquipélago de Alcatrazes, São Sebastião – SP

Existem também os filtros coloridos (vermelho ou laranja), para colocar na frente da lente da câmera, mas nós não gostamos muito de utilizá-los. A ideia do filtro é tentar equilibrar as cores, para que a foto não fique muito azul, mas muitas vezes ele acaba distorcendo as cores reais, e o resultado são imagens avermelhadas demais, com aparência de “queimado”. Com a luz, nada disso acontece, e o resultado da sua fotografia subaquática é bem mais natural.

4. Aproveite a iluminação natural e acerte no ângulo da foto

Uma forma de aproveitar melhor a iluminação natural na fotografia subaquática, independente da profundidade, é posicionar a câmera de frente para o seu objeto, ou o mais indicado, ligeiramente de baixo para cima.

Esse ângulo ajuda a dar mais destaque para o assunto fotografado, realçando-o contra o fundo azul do mar. Mas não leve isso como uma regra engessada, explore também outros ângulos e encontre outras maneiras de contar as histórias das suas fotos.

A luz do sol batendo na superfície foi aproveitada na foto, ao apontar a câmera levemente para cima.

Além disso, usar uma lente grande angular também pode dar um efeito interessante na sua fotografia subaquática. Como ela permite um campo de visão maior, você consegue enquadrar mais elementos ao mesmo tempo, e isso ajuda, inclusive, na hora de se posicionar. A maioria das nossas fotos subaquáticas são feitas com uma lente grande angular.

5. Se aproxime do objeto fotografado

Encontrar o foco na fotografia subaquática pode ser desafiador, especialmente se você estiver usando uma lente macro. Para facilitar nessa missão, a dica é ficar mais próximo do objeto ou pessoa a ser fotografado. Se aproxime mesmo, e evite usar o zoom.

O recomendado em geral é ficar não mais que 1,5m de distância do objeto fotografado. Com isso, o volume de água entre o assunto e a lente da câmera fica menor, garantindo mais nitidez e definição de detalhes.

Na fotografia subaquática, aproximar-se do objeto ajuda a garantir mais nitidez para a imagem

Outro problema que pode ser evitado ficando mais próximo do objeto são as partículas suspensas na água (sedimentos em movimento, organismos microscópicos e outros detritos), que desviam a iluminação e deixam as fotos menos nítidas. 

Ao ficar mais próximo do assunto das fotos, você diminui o volume de água e, consequentemente, a quantidade de partículas presentes entre ele e a câmera. 

Os ângulos da câmera e do flash também ajudam a reduzir os problemas das partículas suspensas. De modo geral, ao posicionar o flash em uma braçadeira lateral, cerca de 45° em relação à lente da câmera, você reduz a visibilidade das partículas, ao iluminar mais diretamente o objeto em si, e não a água que existe entre ele e a câmera. 

6. Utilize o modo de disparo contínuo e tenha paciência

Outro fator que influencia no resultado da fotografia subaquática é a agilidade do fotógrafo. Embaixo d’água, o cenário muda rapidamente, e na maioria das vezes o objeto que você vai fotografar não estará parado, então é preciso estar sempre atento para registrar os melhores momentos. 

Nesse caso, recomendamos deixar a câmera configurada para o modo de disparo contínuo. Dessa forma, você consegue selecionar na edição, depois, a foto em que o modelo ficou com a melhor expressão, e com menos bolha na frente do rosto, por exemplo.

É preciso ter muita paciência para fotografar a vida marinha, especialmente ao utilizar uma lente macro

Além disso, ter paciência também é importante. No caso de fotografar peixes ou outro animal marinho, ao invés de se aproximar muito bruscamente, espere a aproximação natural deles, para evitar que se assustem e acabem indo embora antes mesmo que você consiga enquadrá-los.

7. Use lastros

Se você estiver mergulhando com cilindro, os lastros naturalmente já farão parte do seu equipamento. Mas, caso esteja fotografando no modo freedive, ou seja, segurando a respiração, o uso de um cinto com pesos de lastro dará mais estabilidade (tanto para o fotógrafo quanto para o modelo), e ajudará a gastar menos fôlego para se manter no fundo. 

Mas lembre-se de colocar a sua segurança em primeiro lugar. Se não tiver curso de freediving, use pesos apenas em uma situação em que consiga ficar de pé, com a cabeça para fora da água. Não use peso demais, e nunca faça isso sozinho.

8. Fotografe em RAW e edite suas fotos

A mesma foto: original em RAW, e com edição

Mesmo fazendo uso do flash e seguindo as dicas que demos com relação à iluminação, você vai precisar editar sua foto para deixá-la ainda mais viva e colorida.

A edição de uma fotografia subaquática é diferente porque a informação de luz existente no ambiente é diferente. Por isso é essencial fotografar em RAW. Assim você terá muito mais opções para trabalhar na pós-produção, conseguirá recuperar a maioria das cores e destacar melhor o seu objeto.

Um simples ajuste na temperatura e exposição já serão suficientes para um resultado completamente diferente.

BÔNUS: Pratique muito!

E, por fim, como quase tudo na vida, o mais importante para quem quer aprender a fotografar embaixo d’água é treinar e praticar. 

Só com o tempo você verá evolução no seu trabalho, e conseguirá aprimorar algumas técnicas, e até mesmo irá descobrir outras técnicas mais específicas que ajudam o seu trabalho.

Naufrágio em Recife – PE

Não se preocupe se no início você não conseguir um resultado incrível. Analise as imagens, aprenda com os seus erros, e aproveite para fazer ainda melhor no próximo mergulho.

Esperamos que essas dicas te ajudem a aprimorar o seu trabalho como fotógrafo subaquático. E, se quiser acompanhar o nosso trabalho, produzindo fotos e vídeos dos nossos mergulhos pelo mundo, acompanhe a gente no youtube e no instagram.

Perguntas Frequentes

O salário de um fotógrafo subaquático pode variar dependendo de vários fatores, como experiência, localização, demanda e tipo de trabalho. Em geral, fotógrafos subaquáticos podem ganhar desde valores mais modestos por trabalhos ocasionais até remunerações mais substanciais por projetos comerciais, editoriais ou de natureza. É importante considerar que cada situação é única e os ganhos podem variar significativamente.

O fotógrafo da primeira fotografia submarina conhecido foi William Thompson, que capturou uma imagem subaquática em 1856 utilizando uma câmera estanque e técnicas pioneiras na época. Seu trabalho abriu caminho para o desenvolvimento da fotografia subaquática ao longo dos anos seguintes.

Para fazer fotos subaquáticas com o celular, uma opção é utilizar um estojo ou capa protetora à prova d’água específica para o seu modelo de celular. Além disso, você pode adicionar um dome (cúpula) na frente da câmera para melhorar a qualidade das fotos e obter efeitos interessantes. O dome ajuda a minimizar as distorções e proporciona uma melhor visão subaquática, permitindo capturar imagens mais nítidas e com maior ângulo de visão. Depois de proteger o celular, você poderá mergulhar na água e usar a câmera do celular normalmente para capturar fotos subaquáticas. Lembre-se de ajustar as configurações de exposição e experimentar diferentes ângulos e composições para obter resultados incríveis na sua fotografia subaquática.

Profundo no Mundo

Profundo no Mundo

Somos Tammiris e Rafael (Tatá e Rafa), um casal de mergulhadores que deu a volta ao mundo e criou um blog para compartilhar as experiências de viagem, enquanto segue na busca por um novo estilo de vida, com mais qualidade, menos stress e mais contato com a natureza.