Começou de novo. Já são 11 horas da noite e eu estou aqui procrastinando. O fato é que não tenho nenhum compromisso com nada nem ninguém. Mas, ainda assim, tenho. Tenho um compromisso comigo mesma.
Eu me comprometi a terminar meu perfil no Upwork hoje. Mas, são 11 horas da noite e eu simplesmente senti uma enorme vontade de… otimizar todos os meus artigos antigos do meu blog para os mecanismos de busca. Sim, agora são 11:03 e eu estou com 9 posts abertos, chegando à artigos bem antigos que ninguém lê.
E, neste momento, eu até mesmo começo a pensar que este texto pode, muito bem, ser uma forma de procrastinar também.
Porém, nas últimas semanas eu tenho me consolado: pelo menos eu tenho procrastinado trabalho com trabalho. É uma espécie de procrastinação produtiva, como a Debbie Corrano me disse ontem. Sim, é bem verdade. Poderia estar assistindo vídeos bobos no YouTube, estar procurando alguma curiosidade sobre a Mauritânia só porque acho o nome engraçado, ou estar admirando acomodações lindas – que não posso pagar – no Airbnb.
Entretanto, apesar de estar trabalhando e usando o trabalho para procrastinar, ainda assim, estou procrastinando.
Mas, a questão é: por que estou procrastinando? Por que não termino logo o meu perfil e começo a procurar por trabalhos no Upwork?
Playing it safe
Na verdade, nem eu mesma sei. A verdade é que eu estou escrevendo este texto na esperança de que eu possa entender melhor o que está acontecendo. Na experança de que eu possa usar ele como uma forma para refletir e me entender. Mas, eu tenho as minhas suspeitas.
A suspeita número 1 é que eu tenho medo.
Mas, medo de que, você deve estar se perguntando.
Os 3 tipos de procrastinadores segundo a psicologia
De acordo com o Psychology Today existem 3 tipos definidos de procrastinadores.
O primeiro é aquele que busca prazer. Eles esperam até o último minuto para ter aquele momento de euforia no final, aquele sentimento de excitação que vem ao fazer tudo com muita adrenalina. O segundo tipo é aquele que evita tomar decisões. Ou seja, não tomar decisões os abstém das consequências das suas decisões e, por isto, eles procrastinam. O último é aquele no qual eu me enquadro, os que evitam algo. Eles evitam tarefas por causa do medo de falhar ou, até mesmo, pelo medo do sucesso.
A procrastinação e a síndrome do impostor
“Quando eu era mais jovem eu apenas ia lá e atuava. Era apenas isto. E agora, quando eu recebo algum tipo de reconhecimento pela minha atuação eu me sinto extremamente desconfortável. Eu me entrego e me sinto como uma impostora. Era apenas algo que eu estava fazendo.”
– Emma Watson
Acho engraçado que, quando vemos alguém de fora, julgamos aquela pessoa pelo pouco que vemos. O que leem aqui no LinkedIn e o que veem no Instagram não são nem ao menos 1% da minha vida e de quem sou. Nem menos 1% do que se passa na minha cabeça.
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Por trás das telas há alguém que às vezes não acha que merece ter 28 mil pessoas a seguindo no Instagram. Alguém que, em alguns momentos, não acha justo que tenha quase 3 milhões de visualizações mensais no Pinterest. E que quando não está pensando nestas duas “farsas” acima, pensa que não merece ter sido eleita Top Voice pelo LinkedIn em 2018. Afinal, tudo isto veio de coisas que eu estava fazendo porque sentia que deveria fazer, porque gostava. Eu estava fazendo tudo isto porque era natural para mim.
No fim, por trás dos textos, por trás das fotos, existe uma pessoa que sofre de síndrome do impostor. Uma pessoa que não consegue aceitar suas próprias conquistas porque pensa que os méritos não são seus; que acha suas conquistas só foram possíveis por sorte ou porque alguém me ajudou; que acredita que, a qualquer momento, alguém pode a desmascarar.
E isto, portanto, é o que faz com que a minha procrastinação esteja diretamente relacionada à síndrome do impostor.
O medo de ser desmascarada
Quando trabalho nos meus próprios projetos eu sei que sou a responsável por eles. Sei que se algo não correr como o planejado, também, somente eu vou sofrer as consequências.
Mas, quando se trata dos outros eu me sinto muito mais responsável. E eu me sentiria muito mais culpada se algo não fosse de acordo com o esperado. O fato é que mesmo que eu confie nas minhas habilidades e sei que eu saiba fazer o que eu faço, sempre há o medo de não dar certo. Porque às vezes, para mim, todas as habilidades que tenho parecem apenas sorte.
O que acontece, portanto, é que eu prefiro procrastinar fazendo coisas que estão na minha zona de conforto; que não me expõem à “riscos” e que eu sei que funcionam; feitas para mim. Porque sei que tenho controle sobre estas atividades. Nelas eu sei que não posso ser desmascarada por ninguém. Por isto a procrastinação vence. Ela me protege dos meus maiores medos causados pela síndrome do impostor.
Então, é claro, editar posts antigos é muito mais confortável. Eu conheço, eu sei o que preciso fazer para melhorar o SEO. Eu sei como eu poderia fazer as imagens mais atrativas para o Pinterest. E eu sei que se não funcionar – porque sinto que sou uma fraude – ninguém vai notar.
Os trabalhos que eu posso encontrar no Upwork são um terreno desconhecido. São pessoas, clientes, empresas que eu não conheço. São situações que me expõem e das quais não faço ideia de como a dinâmica vai funcionar.
Mas, ao mesmo tempo, existe um outro medo. O medo de ter a confirmação de que eu não sou boa o suficiente.
As vantagens de ser invisível
O fato é que enquanto eu não me exponho, enquanto não dou minha cara a tapa e não termino meu perfil no Upwork, eu estou “a salvo”. Porque eu tenho o pretexto de afirmar para mim mesma e para os outros que eu não arrumei clientes lá porque ainda não tenho um perfil.
E é justamente isto que me aterroriza. O medo de saber a verdade. O receio deste não ser o único motivo que me impede de encontrar clientes lá. Ou talvez até mesmo o temor de encontrá-los e ter sucesso.
Eu sei que quando eu parar de procrastinar, de checar meu celular, de editar fotos antigas, de atualizar todos os artigos do meu blog e escrever tantos outros, eu vou precisar encarar a verdade. E eu sei que ela pode doer. Assim como eu sei que ela pode me surpreender, como já fez inúmeras vezes.
O que me paralisa, o que me faz procrastinar é a ansiedade, a expectativa, o nervosismo e o medo de saber a verdade; do desconhecido; de, mesmo depois de aperfeiçoar todo o meu perfil, sentir que não sou boa o suficiente; que nenhum cliente quer me contratar.
Mas, infelizmente, isto é algo que eu só vou saber quando parar de procrastinar. Por isto, quando terminar este texto vou finalmente terminar meu perfil no Upwork. Na verdade, não agora, porque agora está tarde e preciso dormir. Mas, amanhã, sem falta. Depois de terminar de atualizar aqueles artigos no meu blog. Sem dúvidas.
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