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Influencers no Instagram: as fraudes por trás do mercado de influenciadores

Ponderei durante um bom tempo sobre o mercado de influenciadores do Instagram e tudo que está por trás dele. Isto porque eu sei que ao escrevê-lo estou mexendo com o ego de muita gente e tocando na ferida de tantos outros. Mas, decidi escrever mesmo assim. Contudo, preciso contextualizar um pouco da minha história para aqueles que não conhecem.

Em 2016 decidi profissionalizar minha conta no Instagram e começar a publicar fotos de lifestyle com o objetivo de ser paga pelos meus posts na rede social. Queria me tornar uma influenciadora sem nem saber o que isso significava ser um influencer e tudo que isto abrangia. Eu só queria os benefícios – que na minha cabeça eram: ganhar coisas de graça e ser paga para viajar o mundo.

Então, comecei a viajar pelo mundo ao lado do @matheusdesouzacom, na época meu parceiro. Porém, nós sempre pagamos por tudo em nossas viagens com o suor dos nossos trabalhos remotos.

 

Enquanto viajávamos, fazíamos as fotos que todo mundo estava fazendo. Acordávamos de madrugada para fotografar. Os passeios eram planejados pensando na melhor hora para fazer aquela foto e no momento em que menos pessoas estariam lá, possibilitando o melhor resultado.

E lá estava eu, publicando as mesmas fotos de todos os influenciadores de viagens buscando mais seguidores, mais curtidas, mais comentários, mais…


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Até que em algum momento tudo isto – a falsidade, a superficialidade e a obsessão por números – começou a me irritar de uma forma sem precedentes. Eu comecei a questionar tudo sobre o meu trabalho como micro influenciadora no Instagram. Mas não era apenas isto, comecei a me sentir incomodada por toda a sujeira que vi por trás do mercado de influenciadores.

Cada vez mais, nós, como criadores de conteúdo e influenciadores, estamos jogando o jogo do Instagram. E a cada dia é mais e mais difícil de fazer com que seu conteúdo seja visto – não só por pessoas que ainda não te seguem, mas também pelos seus próprios seguidores. Isto, por sua vez, faz com que fique muito mais difícil crescer em números e ser descoberto por mais pessoas.

 

Quando o algoritmo do Instagram reduziu o alcance das publicações os influenciadores foram à loucura. A mudança no algoritmo fez com que se tornasse muito mais difícil crescer sua audiência, ter sua publicação visualizada pela maioria dos seus seguidores, entre outros problemas.

Mas, por que os influenciadores foram à loucura? Dificultar o crescimento de uma conta e limitar o alcance das publicações significa, basicamente, reduzir os resultados e alcance daquele influenciador. Isto, por sua vez, faz com que ele, possivelmente, perca oportunidades de parceria – menos seguidores + menos alcance + menos engajamento = menos atratividade. O que, por conseguinte, significa perder dinheiro. E, muito dinheiro…

 

O mercado de influenciadores no Instagram

Quando falo em muito dinheiro, quero dizer que é, realmente muito dinheiro. O mercado de influenciadores do Instagram é gigante.
Para vocês terem uma ideia, a Mediakix estimou em um relatório que em 2019 chegaremos à 5 milhões de posts patrocinados no Instagram e que, neste ano é estimado que cerca de 1.7 bilhão de dólares seja investido no mercado de influenciadores na rede social.

Portanto, nessa corrida desenfreada onde todo mundo quer ser um influenciador e ganhar dinheiro “sem trabalhar”, muita gente acaba optando pelo caminho “mais curto” para ser um influenciador – pensando que para ser um influenciador basta ter muitos seguidores.

 

Afinal, o que é um influenciador?

O influenciador – também conhecido como influencer – em uma rede social é, geralmente, alguém que construiu credibilidade junto ao seu público e, por isto, tem grandes chances de influenciar sua audiência através de seu conteúdo.

Celebridades, experts em uma determinada área de conhecimento, blogueiros e produtores de conteúdo podem ser considerados influenciadores, desde que eles tenham o poder de influenciar as decisões das pessoas que os seguem.

Alguns exemplos de influencers verdadeiros são Camila Coelho, que começou fazendo tutoriais de maquiagem no YouTube, Camila Coutinho, que começou falando de moda no seu blog Garotas Estúpidas e Selena Gomez, que é a celebridade com mais seguidores no Instagram e recebe, em média, 550 mil dólares por post patrocinado.

Basicamente, um influenciador é qualquer um com uma presença online significante o suficiente para exercer algum tipo de influência sobre a sua audiência.

Dentro do mercado de influenciadores existe ainda a separação entre os influenciadores e os microinfluenciadores sendo estes últimos influenciadores com um número relativamente “pequeno” de seguidores – a partir dos 10 mil.

 

O que o número de seguidores tem a ver com influência?

É quase automático assimilar números à influência. Mas, vamos lá… quem você acredita que tenha mais influência e a chance de converter mais vendas em um post patrocinado no Instagram? Alguém com 10 mil ou 100 mil seguidores? Você muito provavelmente responderia que é aquele influenciador com 100 mil seguidores.

Entretanto, como tudo na vida, a resposta não é tão simples assim.

Quando se trata de marketing de influenciadores é impossível determinar a influência de um deles somente com base no número de seguidores. Mas, por que?

Bom, a influência de alguém vai muito além do número de seguidores porque a influência é muito mais sobre credibilidade do que qualquer outra coisa. Quanta credibilidade aquele influenciador tem em sua área de atuação?

Isso tudo envolve muitas variáveis, tempo de atuação na área, coerência, consistência e qualidade de conteúdo, o quanto as pessoas sentem-se próximas àquela figura, etc., entendeu?


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Vamos à um exemplo prático:

Eu tenho cerca de 27.000 seguidores na minha conta do Instagram, enquanto a Anna Caldas do @tododiaumprint tem 21.400. Você poderia dizer que eu tenho mais influência que ela porque tenho mais seguidores.

Entretanto, eu não falo de moda e, portanto, a minha audiência não vai pensar que eu tenho credibilidade ao falar de moda. Portanto, ao anunciar uma roupa no meu perfil no Instagram, por exemplo, eu exercerei próximo à 0% de influência. Enquanto ao anunciar no perfil da Anna, é muito mais certo que uma marca conseguiria mais retorno.

Porém, no meu Instagram eu falo sobre nomadismo digital, marketing digital e desenvolvimento pessoal. Portanto, se alguém me contratasse para falar de um serviço de viagens, por exemplo, o retorno, provavelmente, seria melhor do que anunciar no perfil do @tododiaumprint porque esta é a área em que eu tenho credibilidade e, portanto, posso exercer algum tipo de influência.

 

Influência = credibilidade

Portanto, é possível entender que influência não é sobre números, e sim sobre a credibilidade daquele indivíduo.

Um outro exemplo, desta vez uma história real que aconteceu comigo: há cerca de um ano eu comecei a ganhar vários seguidores em um dia. Foram quase 300 seguidores em 24 horas. O que aconteceu? A @debbiecorrano, que também é nômade digital, na época com cerca de 7 mil seguidores, indicou meu perfil nos Stories dela.

Enquanto isto, já tive perfis com mais de 50 mil seguidores me indicando em que eu ganhei cerca de 100.

Percebe como a influência é muito relativa e não tem tanto assim a ver com o número de seguidores, mas com a credibilidade e a coerência com o tema – além de outros inúmeros fatores?!

Portanto, não adianta muito ter muitos seguidores mas não exercer influência sobre eles, afinal, é sobre isto que o mercado de influenciadores é, não é?!

 

O grande problema do mercado de influenciadores

Como mencionei no início deste artigo, o mercado de influenciadores do Instagram movimenta mais de um bilhão de dólares ao ano. Portanto, a mistura da ganancia, do ego e do imediatismo faz com que muita gente opte pelos caminhos mais curtos para “se tornar” um influenciador.

O que a maioria não entende, entretanto, é que não há caminho mais curto para conseguir influência. Você tem caminhos mais curtos para ganhar mais seguidores, mas nunca poderá comprar influência.

Como eu sei que muitos de vocês não têm nem ideia do que está acontecendo nos bastidores dessa indústria, resolvi mostrar para vocês as principais técnicas usadas pelos “influenciadores” para ganhar mais seguidores.

 

As fraudes e truques por trás dos “influenciadores” no Instagram

A corrida desenfreada por se tornar um influenciador no Instagram leva algumas pessoas à um esforço incessante para conseguir mais seguidores, aumentar seus números e alcançar mais pessoas. Isto fez com que o mercado clandestino do Instagram crescesse proporcionalmente.

Hoje, existem inúmeros truques que vão muito além da compra de seguidores para fazer com que você tenha desde mais seguidores à mais visualizações nos Stories, por exemplo. E é isto que eu vim mostrar aqui.


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Compra de seguidores, curtidas, comentários e impressões

Esta é a estratégia de “crescimento” mais difundida desde os primórdios do Instagram. Funciona de forma simples, você escolhe quantos seguidores, curtidas ou comentários quer ganhar, paga e recebe.

As empresas que oferecem estes “serviços” garantem que os seguidores ganhos são reais. Porém, eu duvido muito. E, convenhamos, ainda se fossem, são seguidores que estão lá somente porque você pagou. Então qual é a real influência deste “influenciador” sobre a a sua audiência?

 

 

 

 

 

 

“Automatização” de curtidas, comentários e seguimentos

Outra prática comum que também vai contra as políticas de uso do Instagram é a automatização de curtidas, comentários e seguimentos. Como assim? Bom, você contrata um serviço para usar sua conta para curtir, comentar e seguir pessoas na esperança de que sua conta seja vista por outras pessoas.

Você seleciona o seu público-alvo – contas que eles seguem, hashtags que usam, etc – e o “bot” faz tudo por você. É provável que, sim, você ganhe seguidores. Entretanto, isso vai acontecer, na grande maioria, porque você seguiu aquelas contas e eles te seguiram de volta – não por legítimo interesse no seu conteúdo.

Isso quer dizer que, mais uma vez, você tem números, mas não influência.

 

 

Compra de repost em contas com muitos seguidores

Um dos artigos que me inspirou a escrever este aqui foi este texto da fotógrafa italiana Sara Melotti. Nele, ela mostra como grandes contas no Instagram – aquelas contas de viagens com milhões de seguidores, por exemplo – cobram por reposts de fotos.

Ou seja, existe gente ganhando muito dinheiro com pessoas desesperadas para ganhar seguidores no Instagram. Com isso, basicamente qualquer um pode comprar um repost em uma destas contas. Entretanto, isto não garante que você vá ganhar seguidores, já que isto vai depender do quanto o público daquela conta gosta da sua foto e do seu perfil.

 

 

Compra de indicação nos Stories

Houve um tempo em que tudo que se via eram os “Instagram shoutouts” nos Stories, ou seja, uma conta grande indicando perfis que eles “amavam”. Entretanto, grande parte não passava do produto de um mercado onde pessoas estão dispostas a pagar para ganhar seguidores.

Funciona mais ou menos assim: você procura influencers que têm o público parecido com o seu, adiciona o “shoutout” no seu carrinho, escolhe a data e horário preferidos para a publicação e paga. Simples assim.

Entre os influencers que oferecem shoutouts em um site popular estão Snoop Dog e Akon.

 

Grupos de likes e comentários – os pods

Desde que o algoritmo do Instagram mudou – de ordem cronológica para ordem de “relevância” – o foco na interação aumentou. Hoje o Instagram dá mais exposição para publicações que possuem mais interações nos primeiros minutos da postagem.

Portanto, existe um grande mercado de grupos de likes e comentários que possuem milhares de integrantes, em aplicativos como o Telegram. Estes grupos são comumente chamados de “pods”. Hoje existem até mesmo grupos separados por nicho – por exemplo, para publicações fitness, de moda, viagem, etc.

É claro que, para entrar em alguns deles, você precisa pagar. Na imagem abaixo é possível ver que existem diversos grupos de um mesmo administrador que, aparentemente, têm potencial para receber até 30 mil likes.

Não preciso nem lembrar que, mais uma vez, você está ganhando números, mas não real influência, não é?!

Sorteios/“Giveaways”

Uma técnica mais recente também usada para ganhar seguidores são os sorteios/giveaways no Instagram. A maioria dos grandes sorteios de viagem, por exemplo, é criada com este objetivo.

Funciona mais ou menos assim, uma empresa ou organizador cria um sorteio de uma viagem. Depois disso, contata contas no Instagram que tenham relação com o tema e que queiram “crescer”. Para que você e sua conta estejam envolvidos no sorteio – ou seja, para que as pessoas que querem ganhar a viagem te sigam – você precisa desembolsar uma quantia em dinheiro para ajudar a patrocinar o prêmio.

Eles prometem que, com isso, você ganhará milhares de seguidores. Entretanto, mais uma vez, são seguidores que não estão interessados em seu conteúdo, mas apenas em ganhar a viagem. Uma vez que o sorteio esteja terminado é muito provável que a maior parte deles deixe de te seguir, ou nem mesmo se importe com suas publicações.

 


 

O que quero dizer expondo isto tudo é que a busca por popularidade, por fama instantânea e por “dinheiro fácil” está criando um mercado clandestino gigantesco onde a real influência não é mercadoria.

Num mercado onde, a cada dia, é mais difícil de conquistar seu lugar ao sol, os reais influenciadores ficam cada vez mais difíceis de encontrar.

É importante saber disso para você que está aí observando, para você que está no mercado de influenciadores, e para você que é uma empresa que quer investir neste mercado. Existe uma grande lacuna entre os influenciadores reais e os falsos, e cabe à nós mostrar um pouco desta realidade à todos os envolvidos e criar mais consciência sobre os fatos para começar algum tipo de mudança.

 


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Laís Schulz

Nômade digital, fotógrafa e produtora de conteúdo. Escrevo sobre temas complexos de forma simples. Tenho um blog pessoal onde compartilho dicas sobre marketing digital, redes sociais, fotografia e desenvolvimento pessoal. Meu maior objetivo é ajudar pessoas a melhorar suas vidas de alguma forma – seja no âmbito profissional ou pessoal. Já trabalhei produzindo conteúdo e divulgando produtos de marcas como Facebook, Nubank, Sandmarc, Cia Marítima, Sofia by Vix, NA.LOO, Kapten & Son, Paul Rich e STRONGER. ✉️ [email protected]